Em novo recorde, os economistas do mercado financeiro elevaram as estimativas para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que mede a inflação do país, para 4,35%. Esse é o maior patamar do ano. Na semana passada, a previsão estava em 4,21%.
Os números são do Boletim Focus do Banco Central, divulgado nesta segunda-feira (14). O documento reúne a estimativa de mais de 100 instituições do mercado financeiro para os principais indicadores econômicos.
O valor já superou o centro da meta que, para este ano, é de 4,00% com margem de tolerância de 1,5 ponto porcentual, ou seja, podendo variar de 2,50% a 5,50%. A meta é fixada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) e, para persegui-la, o BC eleva ou reduz a taxa de juros básica, a Selic, atualmente na mínima histórica, a 2% ao ano.
Como consequência da recessão econômica e dos demais impactos da pandemia de Covid-19 na economia, a projeção do mercado financeiro para a inflação despencou desde março. Em seu menor patamar, atingido em junho, a expectativa chegou a ser de 1,52%, valor bem abaixo do piso da meta.
No entanto, com o início da retomada econômica e a alta nos preços dos alimentos e dos combustíveis, que devem registrar forte alta em outubro e novembro, as previsões para o IPCA têm avançado. Um IPCA mais alto em 2020 pode acelerar o movimento de alta de juros pelo BC em 2021, já que a taxa básica de juros, a Selic, é a principal ferramenta da política monetária para o controle da inflação.
Atualmente, a Selic está na mínima histórica de 2% ao ano. No entanto, a expectativa é que no fim do ano que vem, a taxa já tenha alcançado os 3% ao ano.
Já as projeções para o desempenho do Produto Interno Bruto (PIB) seguem no patamar de queda de cerca de 4%. Nesta semana, a previsão passou para 4,40%, ante 4,41% na semana passada.
A previsão de recessão econômica este ano reflete os impactos da pandemia da Covid-19, na economia nacional e mundial, que também caminha para uma retração.
No entanto, nos últimos meses a expectativa do mercado tem ficado menos pessimista em relação a queda da economia. No entanto, após uma decepção do mercado com o resultado do PIB no terceiro trimestre, que subiu 7,7%, o mercado tem revisado a previsão de forma cautelosa, com variações leves a cada semana. Há um mês, a estimativa era de que a economia fosse cair 4,66%.
A projeção do mercado já é levemente melhor do que a previsão oficial da equipe econômica, que espera queda de 4,5%.
Apesar de terem melhorado suas expectativas, o Banco Mundial e o Fundo Monetário Internacional (FMI), ainda veem retração de 5,4% e 5,8% na economia brasileira. A Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) prevê que a recessão da economia brasileira seja de 6,5%.
Com informações da CNN Brasil