Com o aumento no número de pacientes com sintomas de Covid-19 em Unidades de Terapia Intensiva (UTI) e a crescente fila de espera por um leito, o Conselho Regional de Medicina de Pernambuco (Cremepe) criou uma calculadora para ajudar os profissionais de saúde a escolherem quais pessoas terão prioridade na transferência para um leito.
O sistema foi implementado para facilitar o cálculo do Escore Unificado para Priorização em Unidades de Terapia Intensiva.
Esse sistema foi recomendado pelo Cremepe em abril de 2020, diante da escassez de respiradores, um dos principais problemas para a abertura de leitos de UTI na primeira fase aguda da pandemia.
No domingo (21), quando foram divulgados os números mais recentes de ocupação de leitos, Pernambuco tinha ocupação de 97% dos 1.391 leitos de UTI da rede pública.
Esse é o maior número de vagas disponibilizadas e de pessoas internadas desde o início da pandemia. A rede privada tem 93% das 394 vagas ocupados.
Esse escore, segundo o Cremepe, pode ser utilizado na “ausência absoluta de leitos suficientes para atender a demanda terapêutica”, e leva em conta recomendações e documentos nacionais e internacionais de saúde.
No novo sistema, são avaliados aspectos de saúde do paciente anteriores à contaminação pela Covid. Essas informações resultam numa pontuação, que os médicos podem juntar a dados clínicos e laboratoriais e enviar à Central de Regulação de Leitos.
Os pacientes que tiverem uma menor pontuação devem receber prioridade no acesso a suporte avançado, enquanto aqueles que mais pontuarem devem receber cuidados paliativos “associados às medidas curativas disponíveis”.
De acordo com a médica Zilda Cavalcanti, vice-corregedora do Cremepe e coordenadora da Câmara Temática de Cuidados Paliativos, que ajudou na construção do escore, não se trata de abandonar pacientes que, em tese, não teriam chances de sobreviver.
Mas, sim, racionalizar o uso dos recursos de saúde e evitar mais sofrimento aos que não têm “reserva funcional” suficiente para viver. Esse termo é utilizado para designar uma espécie de capacidade de uma pessoa de se recuperar de determinada enfermidade.
A calculadora pode ser acessada pelos médicos pela internet. O escore, por si só, deve ser utilizado anexo a um “plano de triagem que forneça equitativamente a todas as pessoas a oportunidade de sobreviver, porém observando que esses princípios não garantem tratamento ou sobrevivência a todos”.
Com informações do G1 PE