Nas redes sociais que permaneceram no ar nesta segunda-feira, como Twitter e TikTok, basta uma busca rápida por palavras como “ansiedade” e “surtando” para entender o efeito do apagão das plataformas sob comando do Facebook, de Mark Zuckerberg.
Desde o início da tarde, WhatsApp, Instagram e próprio Facebook saíram do ar no mundo inteiro. Mas as poucas horas se transformaram em momentos de angústia para alguns usuários.
“Eu estou surtando de ansiedade […] Não consigo fazer outra coisa que não esperar que volte”, escreveu uma jovem no Twitter.
Para quem se sentiu assim, o momento pode ser de rever a relação com as plataformas, sugere a professora Lilian Carvalho, coordenadora do Centro de Estudos de Marketing Digital da Fundação Getúlio Vargas (FGV) e pesquisadora da relação entre substâncias neuroquímicas e nossa presença nas redes sociais.
“Assim como as pessoas decidem fazer exercício ou parar de fumar quando percebem que estão com falta de ar ao subir uma escada, se você está percebendo uma ansiedade nesse apagão, é hora de entender os efeitos negativos que esse vício está tendo sobre você”.
A professora explica que as redes sociais provocam uma “antecipação de prazer” nos usuários – ou seja, uma expectativa de que algo bom pode acontecer. E isso vicia.
“A gente compara com um cassino. Quando a gente joga, aquela expectativa de não saber se vamos ganhar ou não já traz um prazer momentâneo. A rede social funciona assim, porque recebemos o like, a notificação, a atenção, e isso afeta o cérebro, o sistema dopaminérgico, o sistema de prazer.”
A dopamina é um neurotransmissor cuja atividade está ligada à motivação que temos para fazer as coisas e pode ser acionada por uma série de estímulos externos, de um barulho a uma notificação.
Outra comparação que a professora faz é com um cachorro adestrado: quando falamos “senta”, ele já está condicionado e fica feliz não porque tem que sentar, mas porque sabe que haverá uma recompensa. É o mesmo sistema de emoção antecipada quando postamos um vídeo, um comentário…
Com informações do G1 e BBC