Vacinação contra a Covid-19: quando o Brasil começará a ver os efeitos positivos?

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Especialistas alertam que ainda vai demorar para o Brasil atingir índices como o de Israel, um exemplo na campanha de vacinação, ou como os Estados Unidos, que começaram a liberar atividades para pessoas vacinadas. Ainda temos poucas doses disponíveis e vacinamos menos de 5% dos grupos prioritários.

Mas, apesar de tantas incertezas, o Brasil pode, se tudo der certo e em um cenário muito otimista, chegar a 70% das pessoas com mais de 18 anos vacinadas no último trimestre deste ano. O “tudo dar certo” significa ter as milhões de doses prometidas nos cronogramas do Ministério da Saúde. Até setembro, o governo prevê receber cerca de 225 milhões de doses. Isso é referente às doses contratadas, sem somar as intenções e negociações.

O último documento do governo, divulgado no dia 6 de março, diz que o país pode ter quase 576 milhões de doses em 2021 – o suficiente para imunizar toda a população com mais de 18 anos. O cronograma traz a soma de contratos já firmados com a CoronaVac/Butantan, Oxford/Fiocruz, Aliança Covax/OMS e Covaxin (vacina ainda não aprovada pela Anvisa), além de negociações em tratativas com a Pfizer/BioNTech, Moderna, Johnson/Janssen e Sputnik V.

Um dos primeiros passos para pensar em voltar ao “velho normal” é vacinar os grupos prioritários. Ainda não se sabe qual a porcentagem certa para se atingir a imunidade coletiva do coronavírus. Mas o Brasil deve seguir os bons exemplos de outros países e priorizar os idosos para diminuir o número de casos graves, hospitalizações e óbitos, e assim ver o desaceleramento da pandemia.

Para o infectologista da Sociedade Brasileira de Imunizações, Renato Kfouri, vacinar a população mais vulnerável pode permitir que as pessoas tenham mais mobilidade, já que a doença provavelmente terá um comportamento diferente.

Israel, país que já vacinou grande parte da população, viu as taxas de hospitalizações e óbitos caírem após a imunização dos mais velhos. “Vimos que em Israel, quando estava com 70% da população acima dos 60 anos vacinada, já começou a ver um impacto grande nos óbitos. Esses 70% correspondiam a 30% da população geral”, explica a epidemiologista da Universidade do Espírito Santo, Ethel Maciel.

Os desafios para vacinar essa população no Brasil, entretanto, são gigantes. Faltam doses, o cronograma de vacinas muda a todo tempo, o governo ainda está fechando contratos e a campanha de vacinação segue lenta.

Segundo o Ministério da Saúde, o Brasil deve receber 30 milhões de doses em março, 47 milhões em abril, 40 milhões em maio e 33 milhões em junho. Se isso se concretizar, há a possibilidade de vacinar 75 milhões de brasileiros, ou seja, todas as pessoas dos grupos prioritários do Programa Nacional de Imunizações (PNI).

A vacina é uma das maiores ferramentas para tentar conter a pandemia do coronavírus. Mas o Brasil demorou para fechar contratos com as farmacêuticas. E sem doses, não existe vacinação. Atualmente, dependemos da fabricação das vacinas CoronaVac (responsável por mais de 70% dos vacinados no país) e da vacina de Oxford.

Para pensar em flexibilizar, o Brasil deveria estar vacinando cerca de 2 milhões, 2,5 milhões de pessoas por dia – essa é a média do país por semana. “O governo perdeu o timing, não negociou com as farmacêuticas no ano passado. A gente precisa garantir doses, mesmo que para o segundo semestre. Queremos vacinas que sejam boas, seguras e eficazes”, alerta Maciel.

Mellanie Fontes-Dutra, biomédica e idealizadora da Rede Análise Covid-19, concorda. “Ainda temos um caminho bem grande pela frente. Temos um gargalo das vacinas e como demoramos para fechar acordos importantes, estamos no final da fila. Esperamos que a vacinação dê uma galopada no meio do ano”.

Com informações do G1