Após quase três anos de espera, incluindo o período de um processo judicial, a jornalista e fotógrafa Céu Ramos de Albuquerque conseguiu o direito de retificar o nome e o sexo na certidão de nascimento. Ela é a primeira pessoa intersexo de que se tem notícia em todo o Brasil a fazer a alteração com esse termo no registro civil, segundo a Associação Brasileira Intersexo (Abrai).
Segundo a Abrai, as pessoas intersexo são aquelas que têm características sexuais que, desde o nascimento, não se enquadram nas normas médicas e sociais para corpos femininos ou masculinos. Essas características podem estar relacionadas a cromossomos, órgãos genitais, hormônios, entre outros.
A decisão que autorizou a mudança foi publicada pela 2ª Vara de Família e Registro Civil da Comarca da cidade no dia 8 de fevereiro, quase três anos depois que ela entrou na Justiça. A ação foi ajuizada com apoio da Defensoria Pública do Estado de Pernambuco, através do Núcleo de Direitos Humanos da instituição.
Nascida no Recife, Céu descobriu que é intersexo há quatro anos. Logo nos primeiros anos de vida, ela foi submetida a uma cirurgia de “adequação” do seu sexo biológico, como se o fato de ter um órgão genital com características ambíguas fosse uma anomalia ou doença.