O plano trilionário para capturar CO2 do ar e esfriar a Terra

You are currently viewing O plano trilionário para capturar CO2 do ar e esfriar a Terra
Foto: Carbon Engineering via BBC

Por Frank Swaine, BBC

O ano é 2050. Saia do Museu do Petróleo da Bacia do Permiano, no Estado americano do Texas, e dirija em direção ao norte atravessando a vegetação castigada pelo sol, onde algumas bombas de óleo remanescentes compõem a paisagem, e você vai se deparar com um palácio cintilante.

Ao longe, eles esbarram em uma parede cinza colossal de cinco andares de altura e quase um quilômetro de comprimento. Atrás deste muro, você avista as tubulações e pórticos de uma fábrica de produtos químicos.

Conforme você se aproxima, vê que a parede está se movendo — ela é inteiramente composta de ventiladores enormes que giram em caixas de aço. Parece um aparelho de ar-condicionado gigantesco, soprando em proporções inacreditáveis.

De certa forma, é exatamente isso. Você está olhando para uma usina de captura direta de ar (DAC, na sigla em inglês), uma das dezenas de milhares do tipo em todo o mundo. Juntas, elas estão tentando resfriar o planeta sugando dióxido de carbono do ar.

Esta paisagem texana ficou famosa pelos bilhões de barris de petróleo extraídos de suas profundezas durante o século 20. Agora, o legado desses combustíveis fósseis — o CO2 em nosso ar — está sendo bombeado de volta para os reservatórios vazios.

Se o mundo deseja cumprir as metas do Acordo de Paris de limitar o aquecimento global a 1,5 °C até 2100, paisagens como esta podem ser necessárias em meados do século.

Mas voltemos por um momento até 2021, para Squamish, na Província canadense de British Columbia, onde, em contraste com um horizonte bucólico de montanhas nevadas, estão sendo feitos os últimos retoques em um dispositivo do tamanho de um celeiro coberto com uma lona azul.

Quando entrar em operação, em setembro, o protótipo da usina de captura direta de ar da Carbon Engineering começará a remover 1 tonelada de CO2 do ar todos os anos.

É um pequeno começo, e uma usina um pouco maior no Texas está em andamento, mas esta é a dimensão típica de uma usina de DAC hoje. A maior parte da captura de carbono se concentra na limpeza das emissões na fonte: purificadores e filtros em chaminés que evitam que gases nocivos atinjam a atmosfera.

Mas isso é impraticável para pequenas e numerosas fontes pontuais, como os cerca de 1 bilhão de automóveis do planeta. Tampouco pode combater o CO2 que já está no ar. É aí que entra a captura direta.

O Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC, na sigla em inglês) alertou que limitar o aquecimento global a 1,5 °C até 2100 exigirá tecnologias como a DAC para “implantação em larga escala de medidas de remoção de dióxido de carbono” — larga escala, neste caso, são vários bilhões de toneladas a cada ano.

O empreendedor Elon Musk prometeu recentemente US$ 100 milhões para desenvolver tecnologias de captura de carbono, enquanto empresas como Microsoft, United Airlines e ExxonMobil estão fazendo investimentos de bilhões de dólares nesta área.