A história de vida do trabalhador rural Laudelino Martins da Silveira, morador do distrito de Parnaso, em Tupã (SP), sempre encantou os seus filhos, netos e amigos. Aos 13 anos, ele se atrasou para voltar ao trem durante uma viagem com a família e se perdeu dos parentes por 70 anos.
No último mês, seu Laudelino descobriu que a realização do sonho de reencontrar a família estava mais próxima do que ele esperava. De acordo com a cuidadora do idoso, Valdinéia Batista Guimarães, parentes decidiram compartilhar a história do seu Lau na internet e, com a ajuda de um especialista, encontraram os familiares em Campinas, Adamantina e Pacaembu.
Segundo a neta de um dos irmãos de Laudelino, Taís Silveira, o corte que seu Lau fez na mão quando criança em uma máquina de cana foi uma das provas que ajudou os parentes a se reconhecerem.
O reencontro teve direito à comemoração do aniversário de 83 anos do seu Lau, ao lado dos irmãos de quem sentia tanta saudade. Na festa, tios, sobrinhos e primos também tiveram a chance de se conhecer, e Taís contou que foi um evento emocionante.
A família de Laudelino é composta por oito irmãos, mas uma das irmãs já é falecida. Eles nasceram na região sul da Bahia e, em 1950, seu Lau, o pai e um irmão decidiram viajar para São Paulo em busca de melhores condições de vida.
A ideia, segundo Taís, era encontrar uma cidade onde poderiam morar e retornar para Bahia para buscar o restante da família. No entanto, em uma das paradas da viagem, Laudelino tomou uma decisão que mudaria o seu futuro.
Segundo a cuidadora do idoso, um dos funcionários da estação percebeu que Laudelino estava perdido e o levou para um abrigo em São Paulo, onde ele ficou por cerca de cinco meses e fez um plano com um dos amigos para sair do local.
Valdinéia contou que, no fim do ano, as crianças do abrigo podiam pegar um passe para ver parentes em outras cidades. Segundo ela, Laudelino mentiu que tinha família em Tupã para viajar com um amigo que estava indo para o município.
Foi neste local que Laudelino conheceu o homem que se tornaria o seu sogro. Aos 17 anos, ele foi chamado para trabalhar na fazenda de um dos funcionários do abrigo no distrito de Parnaso, onde mora até hoje. Lá, ele conheceu sua esposa, filha do patrão, casou-se e teve quatro filhos.
Sobre a oportunidade de reencontrar a família depois de 70 anos com medo de nunca mais vê-la, Laudelino disse que pretende nunca mais perder o vínculo com os irmãos.
Com informações do G1