Estudantes se mobilizaram contra os cortes feitos pelo Ministério da Educação (MEC). Eles obrigaram universidades e institutos federais a suspender a assistência estudantil e pagamentos de serviços de manutenção. Nessa quarta (7), um grupo realizou um ato na Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), na Zona Oeste do Recife. “Tire a mão da minha bolsa”, dizia um dos cartazes.
No dia 1º de dezembro, um decreto do governo federal “zerou” a verba do MEC disponível para gastos considerados “não obrigatórios”, como bolsas estudantis, salários de funcionários terceirizados (como os das equipes de limpeza e segurança) e pagamento de contas de luz e de água.
Na terça (6), o reitor da UFPR, Alfredo Gomes, afirmou que não serão cumpridos contratos de manutenção e segurança. Ele declarou que a situação é “de absoluta dificuldade”.
A UFPE esperava receber R$ 19 milhões, na semana passada, para despesas com obras, e R$ 13,9 milhões, esta semana. O “rombo” nas contas totaliza R$ 33,4 milhões.
Na UFPE, cerca de seis mil estudantes recebem bolsas. Há benefícios para quem deixou o interior para estudar na capital e para quem precisa se alimentar. O dinheiro deveria cair na conta dos alunos até esta quarta, o que não aconteceu.
No ato, os estudantes levaram faixas e cartazes para mostrar a situação complicada em que se encontram por causa dos cortes.
Ele se reuniram na frente do Restaurante Universitário (RU), fizeram uma caminhada e fecharam um trecho da via local da BR-10-1.
“Me pague já” e ‘Com fome não se estuda”, foram algumas frases usadas para chamar a atenção das autoridades federais.
Histórias de dificuldades foram apresentadas por vários estudantes. Em entrevista à TV Globo, Marjory Williams, que estuda farmácia, contou que recebe R$ 300 para e o mesmo valor para a alimentação. A família mora no sertão pernambucano e não tem como ajudá-lo.
Não tenho como me manter no Recife. Minha bolsa é para estudantes em situação de vulnerabilidade. Estamos abandonados pelo governo federal. Não temos perspectivas para conseguir o nosso sustento”, afirmou.
Estudante de pedagogia, Debora Silva contou que recebe bolsas para pagar alimentação e moradia no Recife. “Essa é a única fonte que tenho para sobreviver”. Afirmou.
A aluna da UFPE disse também que os colegas começaram a fazer campanhas para arrecadação de alimentos. “Estamos tentando conseguir apoio e temos uma conta de PIX para fazer essa ajuda”, disse.
No dia 29 de novembro, as universidades e institutos federais localizados em Pernambuco informaram que tiveram pelo menos R$ 29,1 milhões bloqueados.
No estado, o bloqueio atingiu a UFPE, a Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), a Universidade Federal do Agreste de Pernambuco (UFAPE), a Universidade Federal do Vale do São Francisco (UNIVASF), o Instituto Federal de Pernambuco (IFPE) e o Instituto Federal do Sertão Pernambucano (IFSertãoPE).
Na UFRPE, os cortes atingiram o pagamento de bolsas de estudantes, contas de energia e água e salários de profissionais terceirizados.
Segundo a instituição, as perdas foram de 50% nos últimos quatro anos. No dia 28 de novembro, o valor bloqueado chegou a R$ 4 milhões.
Em entrevista ao g1, o reitor Marcelo Carneiro Leão contou que, antes do bloqueio, a UFRPE tinha R$ 4,4 milhões para empenhar.
Dias depois de anunciar o corte, o MEC fez o desbloqueio momentâneo de recursos. Assim a universidade assinou contratos de bolsas de estudantes e os pagamentos de terceirizados.
Carneiro Leão disse que isso não adiantou, já que o governo afirmou que não iria transferir o dinheiro. Por isso, o reitor declarou que não tinha dinheiro no banco.
No IFPE, a medida do MEC bloqueou R$ 1,8 milhão. No primeiro momento, o instituto afirmou que serão impactados atividades de ensino e pesquisa, assistência estudantil, visitas técnicas e insumos de laboratórios.
Beneficiária de bolsa,Kamila do Nascimento, de 24 anos, soube pelas redes sociais que seu projeto de fazer o curso técnico em saneamento ambiental está comprometido.
Aluna do segundo período, ela figura na relação de estudantes atingidos pelo corte de orçamento do MEC. Em entrevista ao g1, ela disse que não sabia se teria condições de ir para as aulas.
Com informações do G1 PE.